quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Janelas - resenha

→ a janela (window) é a abreviatura de uma série de inovações que compõem a interface de um computador. Foi projetada para ser maleável e mutável, graças a isso, torna o uso do PC mais fácil.
→ No entanto, Steve Johnson inicia o texto com o seguinte questionamento: por que seria mais fácil usar uma interface fundada em janelas que uma só em texto?
→ a resposta imediata teria relação com a capacidade inata humana para a memorização visual, pois seria mais fácil administrar a informação num local espacial do que textual. Porém, para o autor, essa explicação não corresponde à maneira como são usadas as janelas no cotidiano, já que para ele, as mesmas têm pouco a ver com a facilidade de arquivar a sua localização na mente, afinal são elementos fluídos e portáteis e por isso, muitos usuários costumam modificá-las, mexe-las, aumentando-as ou diminuindo-as, jogando-as na periferia do computador. Nessa Perspectiva, de que vale a memória visual para tratar um dispositivo que circula tanto?
→ “Como muitas de nossas ferramentas de gerenciamento de arquivos, as janelas raramente operam a serviço da memória visual (...). Pensemos no modo como uma interface atual baseada em janelas lida com o armazenamento de nossos documentos. Segundo a linha oficial, lembramos onde pusemos determinado arquivo, antes de mais nada porque pensamos em termos de “onde”. Em outras palavras, a interface gráfica confere coordenadas espaciais ao arquivo, dando-lhe as propriedades espaciais de um arquivo residente numa escrivaninha do mundo real.”
→ O benefício de utilizar janelas está não somente na possibilidade de ver dois documentos ao mesmo tempo, mas também, de “ziguezaguear” entre esses com um único clique do mouse.
→ “A janela se revelou um meio de visualizar o que os programadores chamam de alternância de modo (...). Apalavra modo tem uma definição tecnicamente precisa, mas para nossos fins vamos usar o termo num sentido mais amplo. Temos um modo para criar um novo documento de texto, um modo para editar uma planilha, um modo para reorganizar um diretório de arquivo. Nos tempos da linha de comando, tínhamos de iniciar cada um desses diferentes modos, digitando uma obscura seqüência de letras”.
→Foi a Xerox parc quem substituiu por janelas esses inteligíveis modos movidos a comandos. Tal transição, segundo Steven Johnson, representou um “avanço espetacular na facilidade de uso – tão espetacular, que agora é difícil imaginar um mundo digital sem janelas”.
→Para Sherry Turkle, a imaginação dotada de janelas é emblemática de nossa condição pós-moderna: o campo unificado pensamento pós-iluminista tradicional se rompeuem vários pontos de vista diferentes, todos igualmente válidos. A passagem do sistema fixo da linha de comando para as possibilidades mais anárquicas da janela, segue a mesma trajetória percorrida pela filosofia ocidental: da verdade unificada, de Kant e Descartes, para o relativismo e a ambigüidade de Nietzche e Deleuze. A jenela seria, portanto, um modo de pensar com múltiplos pontos de vista, de ter acesso a diversos eus.
→Sven Birkets contrapõe essa argumentação, pois segundo ele, a janela é menos uma questão de múltiplos eus e sim uma questão de ADD, a síndrome do distúrbio do déficit da atenção, mais um sinal de resistência da nossa cultura ao ritmo lento e contemplativo do romance tradicional.
→ Já Allan Bloom e Dinesh D’Souza rejeitam a idéia de múltiplas perspectivas, mas acham que as janelas moldam a mente do ser humano.
→ essas posições citadas anteriormente têm em comum a premissa subjacente de que janelas conduzem a uma experiência mais fragmentada, desconexa do mundo. Entretanto, o autor não está convencido de que esse pressuposto é, a priori, procedente, pois, apesar da interface baseada em janelas permitir fazer múltiplas tarefas no computador, a maioria dos usuários se envolve em sequâncias discretas, sem grandes usos do serviço disponível. Realizam apenas uma tarefa após outra, em vez de tratar de todas ao mesmo tempo.
→ Porém, apesar dessa consideração, Steven Johnson acredita que o surgimento da janela devolveu ao homem a possibilidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo.
→ Entre as metáforas básicas que compõem a retórica da interface, a janela foi a que manos se desenvolveu ao longo dos últimos vinte anos.
→ Recentemente, foram criadas subjanelas, conhecidas por quadros, que dividem as janelas existentes em unidades discretas.
→ O quadro (ou frame), logo quando surgiu foi chamado de Kludge, um remendo, um conserto e foi usado para resolver o problema referente à dificuldade de navegação nas páginas de HTML, pois havia uma correspondência direta entre a página e a janela representada ao usuário, sendo assim, esses elementos rolavam juntos:
“Se rolássemos a página para baixo, os elementos que estavam no alto desapareceriam pelo topo da janela. Era preciso rolar de novo para cima para ver a informação”.
→Os quadros possibilitaram, também, múltiplas janelas em um só processador de texto. Porém tal iniciativa gerou alguns problemas de ordem ética, pois, se agora a janela podia apontar para duas páginas ou sites diferentes ao mesmo tempo, mesmo que esses viessem da mesma fonte.
→Os quadros deram origem a uma forma de parasitismo digital. Uma empresa chamada Total News foi acusada de infringir direitos autorais ao bolar um esquema só concebível num mundo digital: uma espécie de clipping de notícias. Em um frame oferecia links dos mais famosos jornais que, quando clicados, arremessavam o referido site no frame central da janela, enquanto o frame superior mostrava constantemente propagandas dos anunciantes. Quanto mais usuários freqüentavam sua página, mais os lucros da Total News aumentavam, enquanto os gastos permaneciam insignificantes. Isso é ilegal? Ainda não há uma resposta, mas vale ressaltar que todo esse modelo seria impensável sem os frames.
→Surgiu o navegador, ou browser, derivação da janela original que tem o intuito de tornar a web mais acessível. “Ele é uma metaforma, um mediador, um filtro. È uma janela que abre para o espaço de dados, separando o usuário e a informação, mas também moldando essa informação de todo tipo de maneiras, sutis e não tão sutis”.

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