quinta-feira, 29 de novembro de 2007

"Governos não sabem o que é a web", diz membro da ONU

Agência Estado) Qua, 21 Nov - 14h24
"Governos não sabem o que é a web", diz membro da ONU
Por Rodrigo Martins
Rio, 21 (AE) - Responsável pela organização do Internet Governance Forum (IGF), Markus Kummer, da ONU, acha que o futuro da internet é de responsabilidade de todos: sociedade, empresas e governos. E estes últimos, na sua opinião, devem se dar conta da importância da rede mundial para fomentar o acesso, principalmente em países pobres, com o objetivo de trazer desenvolvimento social e econômico.
Kummer é taxativo. "Muitos governantes não sabem o que é a rede mundial e nem como ela pode dar oportunidade às pessoas", disse à reportagem, entre uma pausa e outra das inúmeras palestras de que participou na semana passada. "Já países nada democráticos não querem saber mesmo, pois enxergam na web uma forma de perder o controle da situação."
Depois de surgir a pedido dos países-membros da ONU para tentar resolver a questão da internacionalização dos domínios, em 2005, o IGF, agora caminha para se tornar um espaço para discussões sobre o futuro da web. E a universalização do acesso tornou-se o tema mais importante. "Enquanto não conseguirmos levar internet para todos, o assunto principal continuará sendo o mesmo", disse.
Pela própria dinâmica da internet, Kummer conta que o fórum também foi modificado. "Em Túnis (local do primeiro IGF, em 2005), apenas os governos podiam ter voz. Havia platéia, mas ela não podia se manifestar - mesmo se houvesse um representante de uma empresa que estivesse em debate. Revimos isso. Neste ano, abrimos o encontro também para a sociedade civil e as empresas."
Esse novo modelo, disse, representa uma quebra de protocolo inédita nas convenções da ONU. Por outro lado, tirou o caráter mais prático e concreto das reuniões. "Não há documento ou resolução nenhuma assinada. Mas vimos que não há como discutir a internet sem levar em conta todos os atores do processo.
Além disso, os governos precisam aprender os conceitos, para praticá-los. No futuro, os membros da ONU poderão, juntos, tomar decisões mais acertadas baseadas no que foi discutido neste e nos futuros encontros."
No IGF deste ano, foram quatro os temas principais: universalização do acesso, segurança no ciberespaço, diversidade cultural e códigos abertos. "O estágio de disseminação da rede é muito diferente no mundo. Os países pobres se preocupam em levar a web a todos. Os ricos estão mais preocupados com questões relacionadas à segurança, como pedofilia", destacou. "Mesmo assim, a internet é fundamental. Esperamos torná-la universal, segura, e permitir que mais pessoas possam desenvolver-se com ela."
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NO EVENTO
GOVERNO ANUNCIA PROJETOS DE INCLUSÃO DIGITAL
No IGF, foram anunciados planos de inclusão digital para o Brasil. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou que o governo pretende levar banda larga para todas as escolas do País. Para isso, vai interligar a estrutura de fibras ópticas já existentes em gasodutos, oleodutos e torres de energia. Outro anúncio foi feito pelos Ministérios da Cultura, da Ciência e Tecnologia e pela Secretaria de Planejamento de Longo Prazo. A idéia é construir infra-estrutura para disseminar a banda larga, além de fomentar a produção de conteúdo digital e montar um grupo de discussões sobre a web com setores da sociedade.
GOOGLE É SABATINADO POR CENSURA NA CHINA
O representante do Google, Bob Boorstin, foi alvo de perguntas indignadas a respeito da obediência da empresa à censura na China. "Escolhemos o que é bloqueado conforme as leis do país", disse. "Não é melhor nós fazermos isso que o governo?"
PEDOFILIA PODE MIGRAR PARA A AMÉRICA LATINA
Com a Europa mirando na segurança da internet, a pedofilia pode migrar para a América Latina. Segundo Thiago Tavares, da ONG brasileira Safernet, isso já ocorre. "Na América Latina, não existem leis claras de repressão", destacou.
PAÍSES POBRES DEVEM ATUAR JUNTOS,DIZ BIRD
Valerie D’ Costa, do Banco Mundial (Bird), afirmou que os países pobres às vezes escolhem projetos e tecnologias opostas, o que dificulta a cooperação e faz os projetos naufragarem. "Os governos devem procurar soluções inovadoras", disse.
POLÊMICA SOBRE OS DOMÍNIOS CONTINUA
Países como Brasil, Índia e Arábia Saudita reclamaram do controle dos domínios de internet pelo orgão Icann, dos EUA. "Não pode ficar na mão de um só país", disse o ministro de Tecnologia da Arábia Saldita, Abdulah Aldarrab

Um comentário:

camila kowalski disse...

acho que o governo brasileiro tem uma postura interessante em relação à internet. No site do Ministério da Cultura, por exemplo, é possível localizar os pontos de cultura espalhados pelo país usando o Google Earth! =)