terça-feira, 25 de setembro de 2007

Google, 10 anos.

Por Elis Monteiro19 de Setembro de 2007, Portal do IG.

Tudo o que diz respeito à Google Inc. costuma virar notícia. Com seu aniversário de 10 anos também foi assim. Pudera: a empresa simplesmente não decide que data é a mais importante para a história da maior empresa de internet de todos os tempos. Caso seja considerada a data em que o domínio Google.com foi registrado, parabéns, o Google tem dez anos de vida! Mas se a escolha recair sobre o momento em que a empresa abriu as portas (em 1998) ou aquele no qual Larry Page e Sergey Brin passaram a acreditar no sucesso da empreitada (1999), há muitas datas possíveis a serem celebradas. No final das contas, o que vale é a comemoração: depois de setembro de 1997, a internet — e nós, a reboque — nunca mais foi a mesma.

Relembrar a história do Google é passar em revista todas as conquistas da sociedade moderna, a que denominamos de "digital". Ganhamos mais facilidade para navegar na internet, mais simplicidade no uso diário dos aplicativos e, mais importante, nunca nos comunicamos tanto quanto foi possível depois do nascimento do Google. Mas se o Google não tivesse aparecido, dirão os contestadores de plantão, alguma outra empresa teria criado exatamente as mesmas coisas. Talvez, sim. Mas não com a velocidade, a competência e a veia de inovação que os jovens Larry Page e Sergey Brin imprimiram como marca da empresa que criaram.
Sendo ainda mais veementes: que tal citarmos o Orkut, o YouTube, o Google Docs, o Web Acelerator, o Google Desktop? E, para as empresas, impossível não falar sobre as mudanças proporcionadas pelo Google Ad Words e, para os pequenos empresários, o Ad Sense. Para quem trabalha com mídia, o Google News foi um primeiro passo para mostrar às grandes cadeias de comunicação que a informação já saía de suas páginas (web ou de papel) e ganhava o mundo e, claro, o ranking automático do Google News. Dois jovens garotos — Larry Page e Sergey Brin — estudantes da universidade americana da Stanford, decidem criar um produto a partir de um projeto de doutorado. O tal projeto, batizado de Backrub, nasceu por conta da necessidade que ambos tinham de catalogar e filtrar informações pescadas na internet. Decididos a criar um produto que facilitasse suas próprias vidas, Page e Brin, hoje, cada um com 34 anos e uma conta bancária de mais de US$ 11 bilhões (cada um), construíram o mais simples e, ao mesmo tempo, o mais complexo dos mecanismos de busca já inventados para a Web.
O sucesso foi muito rápido e, um ano depois, em 1998, o Google abria as portas de seu primeiro escritório. Começava uma saga em busca de investidor. O produto já existia, a idéia era boa, mas não havia verba suficiente. Na biografia da empresa, um ponto se faz muito interessante: foi nesta época que Larry e Sergey ouviram muitos “nãos” e conselhos para desistirem do projeto. Um presidente de um grande portal chegou a dizer que seus usuários não se interessavam por buscas (!). Encontrar um investidor ficou ainda mais complicado e os garotos tiveram que, a partir de então, deixar de lado suas formações tecnológicas e ir atrás de um plano de negócios e um “anjo” que resolvesse bancar os custos iniciais de desenvolvimento da ferramenta. Acharam: Andy Bechtolsheim, um dos fundadores da Sun Microsystems, decidiu dar o pontapé inicial e, junto, um cheque de US$ 100 mil. Cheque este que Sergey e Larry tiveram problemas para descontar, uma vez que a Google Inc. ainda não existia oficialmente, preto no branco. Pois os dois correram atrás até da família e conseguiram, junto com o cheque, um total de US$ 1 milhão como investimento inicial. Nascia, assim, a Google Inc. Em dez anos de vida, o Google trouxe dores de cabeça para a principal rival, Microsoft, mudou a forma como esta via a internet — é público e notório que a empresa de Bill Gates acabou “comendo mosca” para a Google em todos os produtos de internet que ambas as empresas lançaram nos últimos dez anos. E continua assim: a Google lança um produto, meses ou anos depois a MS lança um semelhante.

Agora, especula-se a entrada da empresa criada por Larry e Sergey no mercado de hardware. A Google nega, mas enquanto isso corre atrás de investimento em infra-estrutura de banda larga, acesso à internet por meio da energia elétrica e até — e aqui a visita ao Brasil realizada no início de 2006 quer dizer muita coisa — na produção de biocombustíveis. Dez anos depois de seu nascimento, a empresa que nasceu pontocom começa a se tornar uma empresa do mundo “real”. E, o que é ainda mais impressionante: de forma encorpada, segura, sem riscos desnecessários. Esta sim é uma biografia de respeito.

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