terça-feira, 25 de setembro de 2007

Aula de hoje

Um pequeno (não tão pequeno assim...) texto sobre a aula de hoje

Para Milton Santos, a análise de uma fase histórica, deve levar em conta o estado das técnicas e da política, estando esses dois fatores interligados. Na atualidade o problema está no estado da política e não no estado da técnica. A globalização não se baseia só nas técnicas, mas também em processos políticos e é nesses que está o problema.

A técnica mais representativa da nossa época é a da informação. Ela permite duas coisas: a comunicação entre as diversas técnicas e a aceleração do processo histórico através da simultaneidade das ações. A importância de um ator é determinada, entre outras coisas, pela técnica que ele é capaz de mobilizar. O surgimento de uma nova técnica não elimina a anterior, mas quem passa a usar as técnicas não hegemônicas são os atores não hegemônicos.

Castells sinaliza que, apesar da idéia de uma globalização generalizada, os mercados de trabalho não são globais. No entanto, destaca que a mão-de-obra é um recurso global já que as empresas podem escolher o lugar onde se instalarão a depender do preço e da qualificação da mão-de-obra disponível.

As empresas baseiam-se na fragmentação de sua produção, mas isso só acontece porque a técnica hegemônica permite. Em contraponto a essa fragmentação da técnica, há uma unidade política. Essa unidade se dá no interior das grandes empresas, cada uma zelando por seus interesses. Não há um agente que zele pelo mercado global como um todo. A economia global é regida pela concorrência entre agentes econômicos e entre os locais onde se situam. E esta, segundo Castells leva em conta quatro fatores básicos: a capacidade tecnológica, o acesso a um grande mercado, o diferencial nos custos de produção e a capacidade política de promover o crescimento da área em questão.

Para Santos, o que temos hoje é uma convergência dos momentos vividos. Múltiplos relógios podem ser usados da mesma forma, o mercado pode funcionar o dia todo em todo mundo e de forma interligada. “O tempo real também autoriza usar o mesmo momento a partir de múltiplos lugares; e todos os lugares a partir de um só deles” (SANTOS, 2000, p.28). É possível conhecer o acontecer do outro. Porém, isso não se dá de forma plenamente verdadeira porque toda a informação é intermediada pelas grandes empresas da informação.

O ideal da aldeia global é que a construção do tempo real é algo coletivo, mas nós ainda estamos longe desse objetivo. Quem domina a construção do tempo real são os donos da velocidade e os autores do discurso ideológico.

Milton Santos defende que o mundo é hoje movido por um motor único. A mais-valia global seria o motor de todas as ações globais. Não há mais vários motores, como havia no imperialismo, porque as ações agora são globais. Caminhamos para um padrão único, que decorre da mundialização da técnica e da mais-valia. Na verdade, isso seria apenas uma tendência, pois não há lugar onde a mundialização seja completa. Exemplo disso é a alta regulação financeira dos bancos, que impede a plena circulação do capital (apesar de mecanismos alternativos a isso já estarem sendo criados), e a xenofobia e os controles de imigração, que impedem a livre circulação de pessoas.

O nosso período histórico permite um conhecimento extensivo e aprofundado do planeta, graças às técnicas, já podemos inclusive fabricar coisas não presentes na natureza. A contemplação de vários momentos, e não mais de um só, permite perceber o momento da evolução, apesar de não evidenciar o processo histórico como um todo.

Para Milton Santos, diferentemente dos outros períodos quando uma crise antecedia e sucedia a formulação de novas idéias, o nosso período atual é, ao mesmo, tempo, período e crise. Ao mesmo tempo em que as variáveis se influenciam (globalização) elas também se chocam continuamente. A nossa contínua crise é estrutural e se manifesta tanto de maneira global como de maneira particular. Toda solução que se considera vem do interesse dos atores hegemônicos e por isso tem parte da sua própria lógica. A tirania do dinheiro e da informação forma o momento histórico atual. Nele, o controle dos espíritos permite a hegemonia das finanças. Isso aprofunda a crise. O extremado uso de técnicas leva a uma necessidade de grande quantidade de normas.

A crise está instalada apesar do equilíbrio macroeconômico. Ao criar a globalização como fábula, ao mesmo tempo, já difundem os remédios pré-fabricados para as crises. A procura da solução apenas para a crise financeira é também motivo do aprofundamento da própria crise.

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