quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Brasil se torna a pátria do MSN Messenger
20/08/2007
Patrícia Cançado
O Estado de São Paulo
A Microsoft está em festa no Brasil. Embora continue ameaçada pela pirataria de software, seu eterno e grande inimigo por aqui, a empresa de Bill Gates tem um bom motivo para comemorar. Desde o final de julho, o País passou a ter a maior comunidade de usuários de Messenger do mundo. A nação brasileira do MSN atingiu 30,5 milhões de pessoas, segundo a companhia. É o equivalente a 11,4% dos usuários do programa de mensagens instantâneas da Microsoft em todo o mundo.
De cada quatro internautas brasileiros, três usam o programa. 'O Messenger tornou-se o padrão de comunicação brasileiro. É um êxito que continua em curva ascendente', diz o americano Steve Berkowitz, vice-presidente sênior da divisão de serviços online da Microsoft, que esteve no Brasil pela primeira vez na semana passada. Nos Estados Unidos, ao contrário, outros programas, como o do Yahoo! e o da AOL, também caíram no gosto dos usuários.
A audiência gigantesca transformou o Messenger e, por tabela, o portal MSN, aberto toda vez que o usuário se conecta ao programa, em locais disputados entre os anunciantes, sobretudo para aquelas empresas que querem falar com o público entre 6 e 24 anos, quase metade dos usuários do Messenger. 'O MSN virou um grande veículo de anúncios. Para ter sucesso na web, nós precisamos de duas coisas: audiência e anunciantes', diz Berkowitz.
O Brasil já garante à Microsoft uma das cinco melhores receitas publicitárias do mundo. A companhia não divulga números absolutos. Além do espaço publicitário, a empresa também oferece soluções para anúncios digitais, cujas vendas cresceram 57% nos últimos doze meses. Até agora, tem mais de 450 clientes.
DEMOCRATIZAÇÃO
O crescimento da base de usuários do Messenger tem sido maior até do que o aumento das vendas de computadores no País. Nos últimos dois anos, a comunidade ganhou 20 milhões de novos usuários, enquanto 14 milhões de máquinas foram vendidas no mesmo período, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). 'Temos visto um crescimento muito grande a partir de locais com acesso público', diz Osvaldo Oliveira, gerente-geral da divisão MSN no Brasil.
A carioca Fabiana Campos Reis, 14 anos, é a típica usuária que está entrando com força nese clube. É jovem, não tem computador em casa, mas diz que divulga sua conta do Messenger com quem quer que converse no metrô, na rua, ou na escola. Moradora do Morro do Vidigal e aluna da 7ª série, todos os fins de semana ela fica online para conversar com amigos da sua lista de 155 contatos por até cinco horas a fio, em lan houses ou no telecentro da ONG Ser - Alzira de Aleluia, onde freqüenta um curso de informática. 'Cinco horas parecem minutos', diz.
Um público tão assíduo é um prato cheio para anunciantes. Hoje, um terço dos investimentos de publicidade online da cerveja Skol vão para o MSN. A marca anuncia no espaço desde 2006, quando deu início a uma estratégia para reforçar sua imagem na internet. 'Nós dobramos o investimento em internet entre 2006 e 2007. Hoje, 5% do orçamento para publicidade vai para a web', diz o gerente de produtos da Skol, Leonardo Byrro. 'O consumidor mudou, está consumindo mídias diferentes. E o MSN virou um dos principais veículos.'
Atualmente, o programa tem 19 anunciantes com ícones fixos na barra lateral (a Skol é um deles). Em geral, são contratos com um ano de duração. A Coca-Cola foi a primeira anunciante, em abril de 2005. A parceria foi firmada ao mesmo tempo nos Estados Unidos. 'De alguma forma, nós ajudamos a desenvolver o Messenger porque criamos conteúdo para o programa', acredita o diretor de marketing da Coca-Cola, Ricardo Fort.
O espaço não é adequado para propagandas convencionais. Para a coordenadora digital do Banco Real, cuja verba anual no programa é de R$ 800 mil (12% dos recursos gastos na web), o Messenger é uma 'ferramenta de presença da marca'. A Coca-Cola, por exemplo, criou emoticons (símbolos que mostram o humor dos usuários), fundos de tela e programas para mixar música para que os usuários convivam com a marca quase sem perceber. Agora, se esse convívio é revertido em vendas, é outra história.

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