quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A infância digital da terceira idade

(Agência Estado)
Por Cinthia Toledo


São Paulo, 26 (AE) - Redescobrir a vida na terceira idade. Foi isso que a internet possibilitou para muitos idosos que venceram o medo e acessaram a web pela primeira vez após os 60 anos. E eles foram longe: fizeram novas amizades, trocaram experiências, estabeleceram contato com parentes que vivem longe, viajaram pelo Google Earth.

Chloé Siqueira virou professora depois que fez um curso de informática. Com 80 anos, ela é coordenadora do KidNet, curso da ONG Aprendiz, em que idosos dão aulas para crianças. "Trabalho com um prazer muito grande. Estou viva e com saúde, na idade certa para aprender", afirma.

Antes das aulas, Chloé não sabia nem ligar o PC. "Só via computador em revista e jornal", diz. "Mas sempre tive vontade de mexer em um. Sou muito curiosa." Hoje, além de fazer musculação, ler, ir ao cinema e bordar, ela navega na internet, fala com familiares e amigos via Skype, MSN e ICQ e baixa músicas para o tocador de MP3. "Só que o MP3 eu ponho em um ouvido só, senão pensam que eu sou surda", brinca.

Nos últimos quatro anos, dobrou o número de pessoas da terceira idade que são usuárias residenciais da rede, segundo pesquisas do Ibope/NetRatings. Em junho de 2003, eram 122 mil usuários e, no mês passado, já passavam de 260 mil.

Proporcionalmente, no entanto, o porcentual de internautas idosos caiu de 1,55% para 1,37% do total de usuários residenciais. "Isso acontece porque, entre os idosos que têm acesso à internet em casa, alguns se tornam internautas e outros, não. Já entre os jovens, 100% se tornam usuários da rede", explica Alexandre Sanches Magalhães, gerente de análise de mercado do Ibope.

O porcentual de internautas idosos cresce principalmente por conta das mulheres. Entre os que têm mais de 50 anos, o número de novos usuários do sexo feminino foi duas vezes superior ao masculino entre abril de 2006 e o mesmo período deste ano. "As mulheres estão conquistando um terreno onde tinham certa fragilidade", destaca Magalhães.

Segundo o Ibope/NetRatings, o serviço mais acessado por pessoas com mais de 60 anos é um programa de mensagens instantâneas, seguido por um software de telefonia pela rede. Outros favoritos são os sites de bancos e de notícias.

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