terça-feira, 28 de agosto de 2007

Críticos pedem rejeição de formato "aberto" da Microsoft

Um formato de documentos digitais criado pela Microsoft e que pode ser adotado como padrão internacional neste final de semana é um truque cujo objetivo é amarrar os usuários, que, na pior das hipóteses, poderiam perder controle sobre seus próprios dados, dizem críticos.

A International Organisation for Standardisation (ISO) vai consultar seus membros sobre a questão em uma votação que se encerra no domingo. A aprovação da ISO encorajaria adoção mais ampla do formato Open XML, proposto pela Microsoft, entre organizações do setor público.

Os adversários do Open XML, que é o formato padrão de arquivamento de documentos no Microsoft Office 2007, dizem que não existe necessidade de um padrão rival para o amplamente difundido Open Document Format (ODF), que já está em uso como padrão internacional. Eles argumentam que as seis mil páginas de código do padrão proposto pela Microsoft, comparadas às 860 do ODF, tornariam o novo padrão complicado e difícil de traduzir.

A Microsoft e outros proponentes apontam que padrões múltiplos são normais nos setores de software e outros, e que a concorrência aberta gera melhores produtos. A empresa alega que seu formato tem especificações mais exigentes e é mais útil que o ODF. "Mais padrões funcionando em paralelo quer dizer melhores padrões. Não é bom optar por um padrão unificado cedo demais", disse Michael Groezinger, vice-presidente de tecnologia da Microsoft na Alemanha, em entrevista à Reuters.

Ele se recusou a especular sobre o resultado da votação na ISO, mas recebeu positivamente a decisão do Instituto Alemão de Padronização (membro da ISO), de expressar aprovação condicional ao Open XML, na semana passada. O cerne da controvérsia é o medo de que o formato XML não seja tão aberto quanto seus simpatizantes alegam, o que geraria a perspectiva de que os usuários que empreguem essa forma de processamento de texto passem a depender da Microsoft para obter acesso a seus próprios documentos.

"O grande pesadelo é que a Microsoft diga 'atualizem suas licenças ou nós cortaremos o acesso"', disse George Greeve, presidente da Free Software Foundation Europe, em entrevista à Reuters. "O acesso a dados governamentais dependeria completamente da existência da Microsoft." A Free Software Foundation é uma entidade não governamental norte-americana que promove o uso de programas de computadores que podem ser livremente usados, modificados e redistribuídos pelos usuários.

A Microsoft afirma que tem colaborado com a Novell para desenvolver uma ferramenta que possa traduzir documentos gravados em Open XML no formato ODF e vice-versa. Mas os críticos afirmam que o dispositivo não pode fazer uma tradução completa por causa da complexidade mais alta do padrão da Microsoft. Dada a posição de liderança da Microsoft na indústria de software, o Open XML será um padrão de fato, independente da decisão da ISO.

"Os dois padrões podem convergir no longo prazo, mas todas as organizações deveriam se preparar para pelo menos uma coexistência dos dois no médio prazo", informa o grupo de pesquisa Gartner em relatório recente.
"Os problemas associados à necessidade de se transformar um formato no outro continuarão."

Reuters

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