quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Solidão e internet potenciam suicídio entre os mais jovens


Comunidades online incentivam práticas suicidas e automutilação entre os utilizadores de rede Orkut. Falta de acompanhamento de pais incentiva comportamentos de risco.



«A elevada exposição das crianças, desde tenra idade, aos ecrãs, sejam eles de televisão ou de computador, tem criado uma geração de 'teledependentes'», explica ao Destak o psicólogo infantil José Morgado.

Para além de os jovens terem como ama a televisão, o computador e as consolas de jogos, ainda sofrem da «falta de acompanhamento dos pais no 'consumo' das informações a que têm acesso e acabam por se sentir 'abandonadas' e sozinhas», acrescenta.

Todos estes factores «tornam as crianças mais susceptíveis aos conteúdos perigosos que são veiculados pelos diversos meios, podendo mesmo levar a situações de suicídio ou automutilação».

Sites de ajuda ao suicídio
Comunidades sobre «formas de suicídio alternativas», «eu já tentei o suicídio» e «auto-mutilação para pessoas que descontam no físico o que não podem descontar no sentimental» são comuns no Orkut, uma rede semelhante à do Hi5, mas também em outros sites que estão presentes na internet.

No ranking de utilizadores desta rede da internet, Portugal ocupa a 7.ª posição, com 0,39% do total de membros registados.

Segunda causa de morte
Tendo em conta que o suicídio é a segunda causa de morte entre os jovens portugueses (dos 15 aos 24 anos), é urgente que os pais tomem medidas. Mas o ideal «não é proibir o acesso a determinados sites, pois o fruto proibido é sempre o mais apetecido, mas sim acompanhar os filhos nas consultas que fazem na internet e dar-lhes atenção», conclui o psicólogo.

Jovem será acompanhado
Durante o dia de ontem, o tema do suicídio relacionado com a influência da internet ganhou grandes proporções com a notícia de que a PSP tinha evitado um suicídio colectivo em Vale de Cambra.

Um jovem de 14 anos terá desabafado com amigos virtuais, no Orkut, o desejo de se automutilar até à morte. A mãe de uma das suas amigas alertou as autoridades.

A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Vale de Cambra já afirmou que o menor «está bem» e que «não há conhecimento de mais casos».

Entretanto, a ministra da Educação assegurou que o jovem vai receber todo o apoio de que necessite.

FALTA DE ATENÇÂO E DE PRESENÇA ADULTA - Tristeza; isolamento e ausência de uma boa rede social de amigos; mudanças de comportamento e de humor bruscas; falar sobre a morte; ou entregar objectos pessoais a amigos podem ser sinais a ter em conta quando se fala de suicídio. O que «falta aos jovens é a atenção e a presença dos adultos», concluiu a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

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