Fiz esse resumo, espero q ajude. =D
O caráter Pseudo da Inclusão Digital
(Denize Correa Araújo)
Esse tema bastante debatido na cibercultura. Provavelmente quem não consegue se expressar verbalmente não conseguirá se expressar na Internet, mesmo considerando que há novos códigos e configurações no ciberespaço. Interagir na rede significa não só receber e enviar e-mails como também pagar contas, obter informações, simplificar sua rotina diária fazendo uso dos diversos recursos que a rede oferece para economizar tempo e maximizar potencialidades, minimizando rotinas burocráticas. A Internet é muito mais do que uma simples ferramenta ou suporte.
Seria simplista e redutor considerar que um uso não sistemático poderia receber o rótulo de inclusão. A Internet está formando uma “hipertrópole digital”, uma mega metrópole onde a virtualidade está tomando o espaço da cidade real. Há somente 500 milhões de internautas no mundo, dois quais 80% são dos países do Norte, o que põe em dúvida a idéia de “revolução para todos’.
Qualquer projeto para a inclusão digital depende de uma estrutura básica técnica, incluindo linhas telefônicas, computadores e acesso e capacitação para uso de aplicativos. Os telecentros têm por objetivo educar digitalmente em termos de informação, educação e cidadania, para oferecer aos excluída digital melhor condição da tecnologia. O termo “exclusão digital” vem da expressão do inglês “digital divide”, ou seja, “divisória digital”. Os telecentros no terceiro mundo são úteis, mas enfrentam grandes impasses. Há os que lutam pelos objetivos de uma proposta que consideram válida e produtiva e os que consideram em qualquer iniciativa uma oportunidade de exercitarem seu poder político, unindo interesses econômicos em nome de um pseudo patriotismo ou de uma pseudo campanha assistencial. As novas tecnologias se deparam com os velhos hábitos, não conseguindo os superar. Como se pode falar em inclusão digital no Brasil quando tão poucos são incluídos socialmente e menos ainda o são culturalmente? A tecnologia propõe mudanças, mas é a sociedade que vai fazer uso dessas tecnologias, logo, não se deve ter uma expectativa demasiado elevada quanto à mudança porque a velocidade da mudança social é substancialmente mais lenta que a mudança tecnológica. A mudança social não acontece, constrói-se.
Não é correto classificar a exclusão digital como mera conseqüência da exclusão social. Se analisarmos os problemas que antecipam a realização da proposta de telecentros onde hipoteticamente se daria a inclusão digital, podemos perceber que são de ordem política tanto quanto de ordem econômica e, em última instância, de ordem histórica. Em geral, a inclusão digital é levada apenas como acesso à conexão, esquecendo que se trata de um passo inicial.
Marcos Palácios fala da baixa presença do português na Internet como uma das barreiras da inclusão. Palácios aborda três fatores socioeconômicos determinantes no acesso à rede:
1) Acesso ao computador (menos significativo no caso do Brasil)
2) Acesso à linha telefônica
3) Acesso ao provedor de serviço
Para a autora os fatores de impedimento são:
1) O conhecimento técnico – os mecanismos de digitação necessários
2) Entendimento pragmático – o que fazer e como fazer para tornar a rede uma opção prática na vida, para pagamento de contas, consulta de informações, compra online, e outras utilidades que venham a ajudar os usuários e minimizar o tempo gasto com esse tipo de serviço.
3) Posicionamento crítico – o uso da Internet só para blogs não caracteriza inclusão digital, visto que a rede não deve ser limitada a oferecer entretenimento e lazer e sim incluir hábitos culturais de leitura, informação, conhecimento e reflexão.
O analfabeto do nosso tempo já não é mais aquele que não sabe ler e escrever, mas sim aquele que não sabe articular um discurso multimidiático. Exemplo de pessoas digitalmente informadas: todos aquelas que trabalharam na construção do Linux. O caso da inclusão no Brasil, para Pierre Lévy, está completamente ligado a educação já que o Brasil escolarizou crianças, mas não conseguiu educá-las. André Lemos acredita que “ser cidadão hoje, é estar conectado”.
Cada novo sistema de comunicação criar novos excluídos, seja a imprensa, a televisão ou o telefone, mas o fato de algumas pessoas não serem alfabetizadas ou não possuírem aparelhos de televisão ou telefone nunca impediu que as mídias se desenvolvessem naturalmente. Mesmo considerando que a proposta dos telecentros seja eficaz, me parece que os problemas básicos de renovação de convênios, manutenção de equipamento e pagamento de bolsistas enfrentados por muitos telecentros deixam transparecer o caráter pseudo da inclusão digital.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
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