O texto, de Denize Correa Araújo, discute a controvertida inclusão digital. E sugere que mesmo em países de Primeiro Mundo, a exemplo dos Estados Unidos, é difícil considerar a existência de tal inclusão, já que muitos utilizam a rede apenas para ler e-mail. Pra tanto a expressão “ inclusão digital” não pode ser empregada em termos quantitativos.
Em analogia com o número de alfabetizados no mundo, põe em questão a seguinte premissa: “Quem não consegue ler e fazer sentido ao que está lendo dificilmente aprenderá isso na rede.” Como afirmar que a rede será capaz de democratizar e promover a igualdade?
Interagir na rede significa muito mais que receber e emitir e-mails, pois a rede é uma ferramenta para “minimizar rotinas burocráticas” (pagar contas, obter informações,...).
Segundo a autora a internet está criando um local de interação para os “incluidos digitalmente”, ou seja, uma “hipertrópole digital” – uma megalópole onde a virtualidade está tomando o espaço da cidade real.
Na citação do texto “A democracia dividida: a internet e a participação política nos Estados Unidos”de Wilhelm, a autora conclui ser relevante que pessoas de classe menos favorecida e outras etnias não fazem uso do voto eletrônico, mas aponta para outros fatores que não a “exclusão digital” para justificar: o caráter não obrigatório do voto e a cultura(no caso dos índios – autonomia política).
Dominique Wolton trata que 80% dos “incluídos” estão nos EUA, mas na controvérsia de que mesmo entre os “incluídos” existem “excluídos”, como tratar dos restantes 20%.
Os telecentros surgidos nos países nórdicos, em 1985, chegam ao Brasil apenas em 1992, em Santa Catarina. E segundo Lúcio Eduardo Darelli, os telecentros têm “ por objetivo educar digitalmente em termos de informação e cidadania para oferecer melhores condições de vida com a ajuda da tecnologia”.
Para falar do contexto Brasileiro trata do filme: “ Quanto vale ou é por quilo” de Sérgio Bianchi –o tratamento das ONG’s e a máfia dos telecentros.
Direcionando para o Brasil, a autora expõe duas vertentes, ou argumentos:
Como falar de inclusão digital quando existem excluídos socialmente e culturalmente? O que a inclusão proporcionaria para os analfabetos ou para os pseudo alfabetizados?
Lídia Oliveira Silva e Denize Arauju: a sociedade que vai fazer uso dessa tecnologia, a mudança social é mais lenta que a tecnológica.
Silveira e Manuel Casteles: desenvolvimento sem internet seria o equivalente à industrialização sem eletricidade (...) para eles não se pode frear o desenvolvimento tecnológico a fim de contemplar o desenvolvimento sociológico, que se tornaria conseqüência do desenvolvimento da tecnologia.
Mesmo conseguindo passar o processo de instalaçõ, projetos de “inclusão digital” são falhos, pelos propostas que tem uma concepção reduzida do que deveria ser o acesso à informática e á internet, como afirmado por Silveira.Para Marcos Palácios – a presença do português na internet 0,82% comparado com o inglês 75% dificulta o acesso às informações como também às instruções.
Três fatores socioeconômicos de Palácios:
ü Acesso ao computador
ü Acesso à linha telefônica
ü Acesso a provedor de serviço
ü Para ele, no caso do Brasil isso pode se constituir como impedimento mesmo para usuários potenciais de alto poder aquisitivo. Aponta que o menor impedimento, no Brasil, tem sido a disponibilidade de computadores.
Para Denize, a lista de impedimentos é:
ü O conhecimento técnico ( mecanismos de digitação)
ü O entendimento pragmático (o que fazer e como fazer para tornar a rede uma opção prática na vida das pessoas)
ü O posicionamento crítico ( o uso da Internet para games e blogs, não caracteriza a inclusão digital).
Segundo Arlindo Machado, não é mais descabido o postulado corrente segundo o qual o analfabeto de nosso tempo já não é mais aquele que não sabe ler e escrever, mas sim aquele que não sabe articular um discurso multimidiático pleno.
O Sistema Linux: ( software livre). Segundo Castelles, existem inúmeras vantagens., tais como: melhor qualidade, inovação tecnológica, produtos superiores, menos vírus (...). O Brasil, capaz de competir no mercado com tecnologias, mas tem a educação como um obstáculo. “ o sistema básico conseguiu escolarizar, mas não educar”.
Para André Lemos, participar e ser cidadão hoje é estar conectado.
Lévy sugere que o principal obstáculo para a inclusão não é a falta de um computador, mas o analfabetismo e a falta de recursos culturais. O autor defende a idéia de uma “ágora virtual”, a inteligência coletiva. Mas sabe que o desenvolvimento das mídias ocorre independente de existirem pessoas analfabetas.
A autora reintegra a idéia controvertida da “inclusão”, que no Brasil para ela é de alcance para as classes A e B, o que prova o caráter de “exclusão”.
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