quinta-feira, 16 de agosto de 2007

CONVERGÊNCIA DIGITAL


JC e-mail 2693, de 24 de Janeiro de 2005.

Dez tendências da convergência digital, artigo de Ethevaldo Siqueira

O que eu espero, mesmo, é que todos esses aparelhos, a começar dos celulares, funcionem bem, antes de 2015, nada mais. Ethevaldo Siqueira (esiqueira@telequest.com.br), jornalista especializado, mantém a coluna sobre ‘Tecnologias da Informação/Economia Digital em ‘O Estado de SP’, onde publicou este artigo:Vale a pena entender o que vem por aí em matéria de produtos eletrônicos. Para antever essa evolução, nada melhor do que eventos como o Consumer Electronics Show (CES), aqui em Las Vegas, realizado sempre no começo de janeiro.Um dos painéis deste CES 2005 debateu, a propósito, as tendências da eletrônica de consumo nos próximos 10 anos, com a participação de Stephen Manes, colunista da Forbes, e da PC World, como moderador, e quatro especialistas da indústria: Jeffrey Belki (Qualcomm), Kevin Kahn (Intel), Rudy Provoost (Philips) e Stephen Schwartz (consultor da General Dynamics).A partir das opiniões desses e de outros especialistas, resumo a seguir as tendências mais prováveis da convergência digital, bem como as possíveis maravilhas eletrônicas que estarão ao nosso alcance, leitor, ao longo dos próximos 10 anos. Aqui vão as tendências para 2015, com a mesma ressalva feita pelo moderador do painel no CES: ‘Não nos cobrem nada daqui a uma década sobre algumas coisas estúpidas que dissermos aqui’.
1) A primeira grande tendência é a popularização de equipamentos de entretenimento portátil, da chamada tecnologia pessoal, tão atraentes como os tocadores de MP3, computadores de mão (handheld computers), PDAs, câmeras gravadoras de DVD, celulares multifuncionais e laptops de alta performance e capacidade de comunicação em banda larga. Um exemplo dessa tendência é o iPod da Apple, um multifuncional revolucionário, que grava e toca música MP3, armazena e exibe fotos digitais e já se acopla a uma dúzia de acessórios.
2) Outra tendência é a maturação da terceira geração (3G) do celular, que associa mobilidade, banda larga e conteúdos cada dia mais diversificados e sofisticados. Esse novo celular viabilizará o comércio eletrônico móvel (m-commerce), tornando realidade a interatividade em multimídia wireless. Na telefonia fixa, teremos a vitória arrasadora da tecnologia da voz sobre protocolo IP (VoIP, na sigla em inglês).
3) Triunfo da imagem de alta definição, a começar pela TV a cabo, nos monitores de computadores, nos projetores de alta performance (e baixo custo) e telões de cristal líquido a preços mais acessíveis. O home theater e o som surround estarão ao alcance da classe C. E, para quem ainda tem dúvidas, vale lembrar que ainda este ano chegará ao mercado o DVD de alta definição, o Blu-ray disc. Num exemplo de convergência total, nossos telões domésticos de alta definição poderão mostrar tanto as cenas e imagens vindas do outro lado do mundo quanto do quarto vizinho, dos provedores de conteúdo on demand, áudio de rádio digital de alcance mundial, hiperinformação online (jornais, revistas, TV aberta ou TV por assinatura), lojas virtuais e todas as formas de comércio virtual.
4) Milhões de cidadãos terão acesso à banda larga sem fio (Wi-Fi ou Wi-Max), nos locais públicos de maior densidade populacional, como aeroportos, shopping centers, hotéis ou restaurantes, para conexão gratuita de nossos laptops e celulares. Com a expansão das redes sem fio Bluetooth, poderemos eliminar todos os fios de conexão existentes em nossas casas, dos mouses, teclados, impressoras, caixas acústicas, fones de ouvido, telefones fixos, de tudo. Já suspiro de alívio.
5) E a internet? Estará no auge, com acesso em banda larga, a 10 megabits por segundo (Mb/s), em sua maioria sem fio, não apenas em escritórios e empresas, mas em aviões, residências de melhor padrão, Universidades, hotéis, escolas de primeiro grau, lojas e shopping centers.
6) Servidores de mídia domésticos estarão presentes em pelo menos 60% dos domicílios de classe média nos EUA, integrando o televisor e o computador e gravando tudo digitalmente. A esses servidores e mídia centers estarão conectadas também jukeboxes capazes de armazenar até alguns terabytes de informação, guardando e tocando todo nosso acervo audiovisual doméstico.
7) Carros digitais oferecerão um festival de entretenimento e informação, com recepção de TV e rádio digital via satélite, navegadores GPS integrados ao celular, sistemas de informação de utilidade pública, internet de alta velocidade e, creiam, um servidor de multimídia dentro do veículo para controlar tudo.
8) Os sensores pareciam coisas de ficção. Pois daqui a 10 anos utilizaremos esses dispositivos em profusão, em sistemas de identificação biométrica, em computadores vestíveis, ou seja, em roupas capazes de checar nossa saúde dia e noite, monitorar nossa malhação nas academias de ginástica ou nas esteiras domésticas. Com sensores, poderemos abrir portas, dialogar com terminais, abrir o sinal verde dos semáforos, identificar pessoas, controlar a entrada de visitantes, proteger as residências e automatizar casas e escritórios.
9) A nanotecnologia decolará, seguramente, nos próximos 10 anos, produzindo as primeiras máquinas e robôs do tamanho de algumas moléculas ou átomos. Alguns nanodispositivos poderão revolucionar a eletrônica, nos chips, memórias e componentes eletrônicos mais sofisticados.
10) Finalmente, a revolução do conteúdo será, predominantemente, voltada para o entretenimento, pois, na visão dos líderes, ‘tudo terá que ser um pouco mais divertido daqui para frente, seja trabalho, educação e, principalmente, os meios de comunicação’.No seu estilo mordaz e cético, o moderador Stephen Manes concluiu o debate formulando apenas um desejo: ‘O que eu espero, mesmo, é que todos esses aparelhos, a começar dos celulares, funcionem bem, antes de 2015. Nada mais’.(O Estado de SP, 23/1)

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