Terça, 6 de novembro de 2007, 09h53
Diante dos obstáculos à liberdade de informação sob o estado de exceção, as emissoras de televisão privadas do Paquistão, geralmente críticas em relação ao poder do presidente Pervez Musharraf, recorrem cada vez mais a seus serviços online para levar informação ao público.
Alguns minutos antes da proclamação do estado de exceção, na tarde de sábado, as transmissões dos canais privados foram bruscamente interrompidas. Depois, o regime de estado de emergência impôs toda uma série de restrições aos meios de comunicação, em particular à imprensa escrita e às emissoras de televisão particulares, que proliferaram nos últimos anos.
Desde então, a maioria dos paquistaneses tem de escolher entre uma tela em branco e os boletins de informação de tom asséptico da cadeia de televisão pública sob as ordens do poder. Foi talvez por causa desta censura da imprensa privada que um boato como a prisão domiciliar do general Musharraf conseguiu sacudir o país durante algumas horas na segunda-feira.
Mas as cadeias de televisão, que defendem sua independência do poder, se voltaram desde então para a Internet. "A informação virou uma mercadoria de contrabando no Paquistão e é vendida no mercado negro", ironiza Inram Aslam, presidente da Geo Television, o canal de notícias a cabo de maior audiência.
No domingo, a Geo enviou uma mensagem por celular a seus clientes para que se conectassem ao portal www.geo.tv para continuar assistindo seus programas ao vivo. Sua principal concorrente, a ARY One, fez a mesma coisa por e-mail.
"A tecnologia se desenvolveu além do que poderia imaginar o governo e achamos que este é o momento de recorrer a esses meios", explica Aslam. Com uma população de 160 milhões de pessoas, o Paquistão tem entre três e cinco milhões de internautas, segundo as operadoras de acesso à Internet, contra menos de um milhão em 2001.
Paradoxalmente, foi o general Musharraf quem liberalizou, em 2003, o setor audiovisual e os meios eletrônicos. O número de cadeias privadas proliferou desde então e os programas de debates, de críticas e humorísticos se multiplicaram no país.
Sob o estado de exceção, há quatro dias qualquer informação da imprensa que "difame" o general Musharraf, seu governo ou as Forças Armadas está proibida. Os jornais e os canais de TV também estão proibidos de mostrar imagens dos terroristas suicidas ou de vítimas de atentados suicidas, assim como declarações dos combatentes islamitas. Qualquer transgressão pode ser castigada com uma pena de prisão de até três anos ou uma multa de dez milhões de rúpias (US$ 167 mil).
A autoridade paquistanesa de regulamentação dos meios de comunicação poderá confiscar o material dos transgressores e fechar suas instalações durante 30 dias. "Mas os jornalistas profissionais encontram os meios para dizer a verdade às pessoas", assegura Azhar Abas, diretor de notícias da cadeia Dawn TV, a primeira em língua inglesa no país.
AFP
Leia esta notícia no original em: Terra - Tecnologia http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI2051101-EI4802,00.html
terça-feira, 6 de novembro de 2007
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